Data centers para IA poderão custar US$ 200 bilhões e consumir energia de nove usinas nucleares até 2030

Estudo revela que expansão de data centers para IA pode exigir bilhões de dólares e pressionar redes elétricas ao limite na próxima década.

Data centers projetados para treinar e operar inteligências artificiais poderão, em breve, reunir milhões de chips, demandar investimentos de centenas de bilhões de dólares e consumir tanta energia quanto grandes cidades, segundo estudo conduzido por pesquisadores das instituições Georgetown, Epoch AI e Rand.

A análise, baseada em um banco de dados de mais de 500 projetos globais de data centers de IA entre 2019 e 2025, revela que a capacidade computacional desses centros mais que dobra a cada ano — acompanhada pelo aumento proporcional nos custos de capital e consumo energético.

Entre os destaques, o estudo aponta que a infraestrutura necessária para suportar o avanço da IA enfrenta obstáculos significativos. Mesmo com ganhos de eficiência energética — o desempenho computacional por watt cresceu 1,34x ao ano no período —, esses avanços não conseguem neutralizar o aumento da demanda.

Empresas como OpenAI, que recentemente anunciou que 10% da população mundial utiliza o ChatGPT, buscam levantar até US$ 500 bilhões, com apoio da SoftBank e outros investidores, para construir uma rede de data centers nos Estados Unidos e além. Microsoft, Google e AWS também estão destinando centenas de milhões de dólares à expansão de suas operações.

Exemplos como o data center Colossus da xAI, estimado em US$ 7 bilhões e com consumo de 300 megawatts — energia suficiente para abastecer 250 mil residências —, ilustram a escala dos investimentos. Se as projeções se confirmarem, até junho de 2030, o maior data center de IA poderá abrigar 2 milhões de chips, custar US$ 200 bilhões e demandar 9 GW de energia — equivalente à produção de nove usinas nucleares.

Além da pressão sobre as redes elétricas, os data centers representam riscos ambientais adicionais, como elevado consumo de água, uso intensivo de terrenos e impactos fiscais locais. Um estudo da organização Good Jobs First aponta que, em pelo menos dez estados norte-americanos, incentivos excessivos levam a perdas superiores a US$ 100 milhões anuais em arrecadação tributária.

Embora haja sinais de desaceleração — com empresas como AWS e Microsoft revisando seus planos de expansão em 2025 —, o estudo adverte que, se as tendências atuais persistirem, a infraestrutura necessária para sustentar a inteligência artificial terá impactos econômicos e ambientais de escala inédita.

A trajetória dos data centers de IA traz à tona o desafio de equilibrar inovação tecnológica com sustentabilidade e responsabilidade social, em um momento crucial para o futuro da indústria e do planeta.