Desilusão com Elon Musk, vandalismo a carros e guerra de incentivos estimulam donos de Tesla a trocarem de marca. Polestar e Lucid lideram ofensiva com descontos que chegam a US$ 20 mil por veículo.
Desilusão com Elon Musk, vandalismo a carros e guerra de incentivos estimulam donos de Tesla a trocarem de marca. Polestar e Lucid lideram ofensiva com descontos que chegam a US$ 20 mil por veículo.
As trocas de veículos Tesla atingiram níveis recordes nos Estados Unidos. A motivação vai além de questões técnicas ou preço: muitos donos estão se afastando da marca devido ao desgaste da imagem pública de Elon Musk e seus posicionamentos políticos controversos. Enquanto isso, marcas concorrentes como Polestar, Lucid, Volvo e Ford aproveitam o momento para lançar bônus agressivos que visam conquistar motoristas desiludidos — oferecendo até US$ 20 mil em incentivos para migrar de marca.
O movimento de “desertores” da Tesla é alimentado tanto por convicções políticas quanto por medo de represálias. Casos de vandalismo contra carros da marca têm crescido, e a associação direta entre Elon Musk e o ex-presidente Donald Trump — especialmente após o apoio do bilionário via criptomoeda DOGE — tem gerado aversão até mesmo entre clientes historicamente fiéis. O protesto global apelidado de Tesla Takedown reflete esse desgaste.
Marcas concorrentes reagiram com velocidade. A Polestar lançou um incentivo de US$ 5.000 para motoristas da Tesla que fizerem leasing do Polestar 3, além de até US$ 15.000 adicionais via incentivos federais para veículos limpos. O desconto total pode chegar a US$ 20.000. Lucid Motors também oferece até US$ 4.000 para quem troca o Tesla por um Lucid Air 2025 — com bônus extras para veículos comprados em estúdios de vendas.
A Volvo aderiu à tendência em março, oferecendo US$ 1.000 para qualquer proprietário ou locatário de Tesla que opte por um modelo 2024 ou 2025 (inclusive híbridos plug-in). A Ford encerrou recentemente uma campanha similar, com bônus de US$ 1.000 para conversões para o Mustang Mach-E ou F-150 Lightning.
Joseph Yoon, analista da Edmunds, destaca que muitos donos de Tesla estão dispostos a se desfazer do carro mesmo com prejuízo. “Essas pessoas já estavam inclinadas a trocar. Os bônus só tornam a decisão mais fácil — e direcionam a troca para o modelo certo”, afirma.
Segundo Sean Tucker, da Kelley Blue Book, a situação da Tesla é incomum: “É difícil precificar Teslas no mercado secundário quando a percepção pública muda tão rápido. Montadoras menores, como Polestar e Lucid, estão dispostas a absorver parte da perda para tirar esses carros das ruas.”
No cenário político, a reeleição de Trump e novas tarifas sobre importação de automóveis adicionam uma camada de incerteza. Apesar disso, a Tesla mantém vantagem competitiva ao fabricar a maioria de seus veículos nos EUA, com poucas peças importadas.
O futuro da Tesla pode depender menos de tecnologia e mais de gestão reputacional. Enquanto isso, rivais crescem ao transformar descontentamento em oportunidade — e bônus em alavancas para mudar o jogo da mobilidade elétrica.
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