AMD prevê prejuízo de US$ 800 milhões com novas exigências dos EUA para exportação de chips

Regras de exportação dos EUA podem custar até US$ 800 milhões à AMD, que agora precisa de licença para vender chips MI308 a países como China e Hong Kong.

A AMD informou nesta quarta-feira (16) que poderá registrar um impacto financeiro de até US$ 800 milhões devido às novas regras de exportação impostas pelo governo dos Estados Unidos. A exigência de licença para vender chips de inteligência artificial como os MI308 a países como China, Hong Kong, Macau e outras nações do grupo D:5 foi detalhada em documento enviado à SEC (Securities and Exchange Commission).

Segundo a empresa, os custos estimados incluem estoques, compromissos de compra e provisões relacionadas. A AMD planeja solicitar as licenças, mas admitiu que não há garantias de que elas serão concedidas.

As ações da companhia caíram cerca de 6% nas primeiras horas do pregão desta quarta-feira, refletindo a preocupação do mercado com a possível perda de receitas no estratégico segmento de IA — justamente um dos vetores de crescimento mais importantes para fabricantes de semicondutores atualmente.

A rival Nvidia também foi afetada pelas novas medidas. Em comunicado recente, a empresa projetou perdas de até US$ 5,5 bilhões no primeiro trimestre fiscal de 2026, encerrado em 27 de abril, em decorrência das mesmas exigências de licenciamento para exportação de seus chips H20. A Intel, por sua vez, teve a exportação da linha Gaudi afetada, segundo fontes da Reuters — mas não há impacto previsto sobre seus processadores (CPUs).

As restrições refletem a crescente preocupação das autoridades norte-americanas com a supremacia tecnológica na corrida global por inteligência artificial. Legisladores e membros do governo têm pressionado por controles mais rígidos, argumentando que permitir o acesso de empresas chinesas a GPUs avançadas poderia ameaçar tanto a liderança dos EUA em IA quanto sua segurança nacional.

Em resposta, um porta-voz do Departamento de Comércio dos EUA declarou à Reuters que as exigências fazem parte de uma diretriz presidencial para proteger a segurança nacional e econômica do país.

Com o setor de chips cada vez mais no centro das tensões geopolíticas, empresas como AMD, Nvidia e Intel enfrentam desafios regulatórios que podem redefinir suas estratégias globais — especialmente em mercados como o chinês, que historicamente representavam fatias relevantes de sua receita.

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