Tesla tem pior desempenho em dois anos em meio a crise de imagem de Elon Musk

Entregas caem drasticamente no primeiro trimestre, com recuo global e protestos crescentes contra o envolvimento político de Musk.

A Tesla registrou 336.681 entregas no primeiro trimestre de 2025, seu pior desempenho em mais de dois anos. A retração ocorre em meio à crescente impopularidade de Elon Musk, cuja atuação política à frente do conselho governamental DOGE vem gerando controvérsia e potencialmente afetando a reputação da marca globalmente.

As entregas do trimestre ficaram abaixo das 495.570 registradas no quarto trimestre de 2024 e das 386.810 do mesmo período do ano passado. A produção também caiu para 362.615 unidades, afetada em parte pela troca de linha para o novo Model Y, lançado globalmente em março.

A expectativa do mercado, segundo dados da FactSet, era de cerca de 408 mil entregas — número que já havia sido revisado para baixo por analistas diante de protestos, queda nas vendas internacionais e um ambiente de marca cada vez mais desgastado.

Na Europa, as vendas de Tesla desabaram. Na Alemanha, mercado-chave e sede de uma gigafactory da marca, os emplacamentos caíram 76% em fevereiro. Na França, a queda foi de 41% no trimestre. A performance da empresa contrasta com o crescimento de 28,4% nas vendas de veículos elétricos na União Europeia, que agora representam 15,2% do mercado total.

Especialistas atribuem parte dessa queda ao apoio público de Musk ao partido de extrema-direita AfD, na Alemanha — gesto que teria afetado diretamente a percepção da marca. Na China, outro mercado estratégico, as vendas caíram 11,5% em março, pressionadas pela concorrência da BYD e de fabricantes locais como Geely.

Além da crise de imagem, a Tesla enfrenta dificuldades técnicas e comerciais. Apesar do lançamento da Cybertruck e de novos incentivos para o Model Y na China (como financiamento com juros zero), as medidas ainda não foram suficientes para reverter o quadro negativo.

A atuação de Musk na esfera pública também é alvo de críticas. Um dos maiores entusiastas da Tesla em Wall Street, Dan Ives, da Wedbush, publicou uma nota contundente após os números: “Musk precisa se concentrar em administrar a Tesla e deixar de lado DOGE, ou tempos ainda mais sombrios virão”.

Com entregas em queda, protestos em suas concessionárias e desvalorização das ações, a Tesla inicia 2025 sob forte pressão. A esperança agora está na retomada com os novos modelos e, sobretudo, na prometida estreia do serviço de robotáxis em Austin, previsto para este verão. Será um momento decisivo para testar a viabilidade das promessas visionárias de Elon Musk.