Deezer rotula músicas geradas por IA para proteger artistas de fraudes em streams

Deezer adota etiquetas “Conteúdo gerado por IA”, exclui canções falsas das playlists e bloqueia pagamentos fraudulentos, confrontando uma onda crescente de músicas sintéticas no Spotify francês.

A plataforma de streaming Deezer anunciou nesta sexta‑feira (20 de junho de 2025) que passará a identificar claramente álbuns que contenham faixas totalmente geradas por inteligência artificial. A medida visa combater a prática de fraudes por streaming: 18% dos uploads diários (~20 mil músicas) são feitos por IA, mas cerca de 70% dos streams dessas faixas são suspeitos, impulsionados por bots ou fazendas de plays fraudadas.

De acordo com a empresa, mesmo sendo apenas 0,5% do total de streams, as faixas geradas por IA são responsáveis por uma parcela significativa dos pagamentos – motivando fraudes que visam royalties . Para frear o problema, Deezer implementou:

  • Identificação clara de faixas com conteúdo 100% gerado por IA.

  • Exclusão dessas faixas de playlists editoriais e recomendações algorítmicas.

  • Bloqueio de pagamentos relacionados a streams fraudulentos.

A empresa britânico‑francesa também destacou que, apesar do ritmo rápido de uploads (crescimento de 10% para 18% em apenas três meses), o uso da tecnologia para criar músicas não é inerentemente negativo, desde que exista transparência e crédito aos criadores humanos . O CEO Alexis Lanternier ressaltou ainda que proteger direitos autorais em meio ao avanço da IA exige responsabilidade e inovação tecnológica contínua.

A estratégia de identificação utiliza duas patentes registradas em dezembro de 2024, que detectam “assinaturas únicas” nas faixas sintéticas. A ferramenta de detecção é constantemente atualizada usando os próprios sistemas que geram as músicas — uma guerra de IA contra IA.

O lançamento chega em meio a um contexto mais amplo de disputas legais: grandes gravadoras como Universal, Warner e Sony estão processando startups como Udio e Suno por invasão de direitos autorais, e podem vir a firmar acordos que ajudem a decidir o futuro da música sintética.

Deezer agora está à frente na batalha pela integridade no streaming, elevando o padrão de transparência e eficiência. Resta saber se concorrentes como Spotify e Apple Music seguirão o exemplo – ou se a indústria precisará de uma regulação global para conter o crescimento rápido da música gerada por IA.