O comunicado, que rapidamente repercutiu em círculos executivos, representa uma guinada cultural e operacional para a Shopify. Lütke foi enfático ao dizer que o uso eficiente de IA tornou-se uma expectativa básica para todos, não apenas para desenvolvedores ou analistas. A empresa, conhecida por sua plataforma de comércio eletrônico, passará a avaliar seus colaboradores — inclusive líderes — com base na adoção da tecnologia em suas atividades cotidianas.

A política também prevê que projetos de desenvolvimento de produtos devem integrar IA desde a fase inicial de prototipagem, com o objetivo de acelerar aprendizado, iteração e colaboração entre equipes. A estagnação, segundo Lütke, é considerada uma forma lenta de fracasso. Ele reforça: “Se você não está subindo, está escorregando.”

Além disso, a Shopify começará a exigir que os funcionários demonstrem por que uma tarefa não pode ser automatizada antes de aprovar a contratação de novos membros. “Como seria essa área se agentes autônomos de IA já fizessem parte do time?”, provocou o CEO em sua mensagem.

Essa postura está alinhada a uma tendência crescente entre líderes de tecnologia, como Sebastian Siemiatkowski, CEO da Klarna, que recentemente afirmou que seu chatbot com IA realiza o trabalho de 700 atendentes. Tais movimentações reacendem o debate sobre o impacto da IA no emprego — a ONU estima que mais de 40% das funções no mundo podem ser afetadas.

Desde 2022, a Shopify reduziu sua força de trabalho em etapas. De um total de 8.300 funcionários no final de 2023, a empresa chegou a 8.100 no fim de 2024, após cortes significativos, especialmente nas áreas de atendimento.

A Shopify não apenas reposiciona sua força de trabalho como redefine o que significa ser produtivo na era da inteligência artificial. Para os colaboradores, o recado é claro: adaptar-se não é uma escolha — é a nova regra do jogo.