Empresa criadora do ChatGPT pode anunciar ainda esta semana a aquisição da Windsurf, concorrente direta de startups em que a própria OpenAI já investiu, levantando dúvidas sobre conflitos de interesse no ecossistema de IA.
Empresa criadora do ChatGPT pode anunciar ainda esta semana a aquisição da Windsurf, concorrente direta de startups em que a própria OpenAI já investiu, levantando dúvidas sobre conflitos de interesse no ecossistema de IA.
A OpenAI está em negociações avançadas para adquirir a Windsurf, startup conhecida por seu assistente de programação baseado em inteligência artificial, por cerca de US$ 3 bilhões, segundo informações da Bloomberg. A expectativa é que o anúncio oficial seja feito ainda esta semana. O movimento pode reposicionar a OpenAI no mercado de ferramentas de codificação automatizada e, ao mesmo tempo, gerar tensões dentro do seu próprio ecossistema de investimentos.
A razão para essa visão negativa é a quebra das expectativas em torno de uma onda de liquidez que impulsionaria o setor em 2025. A previsão era de que diversas startups realizariam IPOs ou seriam adquiridas, gerando capital para novos ciclos de investimento. No entanto, a volatilidade nas bolsas e o temor de uma recessão provocada pela política comercial do atual governo esfriaram esse cenário.
“A liquidez que todos esperavam não deve se concretizar, considerando os eventos das últimas semanas”, disse Stanford à TechCrunch. Empresas como Klarna (fintech) e Hinge (terapia física) já postergaram ou avaliam adiar seus planos de abertura de capital devido à instabilidade econômica.
Mesmo os dados otimistas do primeiro trimestre precisam de contextualização: 44% dos US$ 91,5 bilhões foram direcionados apenas para a OpenAI, que captou um recorde de US$ 40 bilhões. Outros nove aportes bilionários, incluindo US$ 3,5 bilhões para a Anthropic e US$ 600 milhões para a Isomorphic Labs, somaram mais 27% do total investido.
“Esses grandes cheques estão mascarando a realidade de muitas startups, que enfrentam dificuldade para levantar capital e devem aceitar rodadas com valoração inferior ou buscar aquisições com grande deságio”, alertou Stanford.
Desde o fim da era dos juros zero (ZIRP) em 2022, especialistas antecipam uma onda de falências. Algumas startups sobreviveram reduzindo custos e aproveitando uma economia ainda aquecida. Mas com previsões de desaceleração para 2025, esse equilíbrio pode ruir.
“Se houver uma recessão, muitas perderão receita e crescimento, podendo ser vendidas por centavos ou fechar as portas”, conclui Stanford.
O primeiro trimestre de 2025 pode ter sido uma exceção, e não a regra. Analistas indicam que o restante do ano testará a resiliência do ecossistema de startups, com um cenário de liquidez restrita, aquisições oportunistas e uma possível nova onda de falências no horizonte.
A potencial aquisição coloca a OpenAI em rota de colisão direta com concorrentes como a Anysphere, desenvolvedora do Cursor — uma das empresas apoiadas pela OpenAI por meio do seu Startup Fund. Para alguns observadores do setor, essa manobra pode comprometer a credibilidade do fundo, que teria agora interesses conflitantes entre empresas do mesmo segmento.
Fontes próximas à cap table da Cursor apontam que não está claro se houve qualquer tentativa prévia de aquisição por parte da OpenAI antes da negociação com a Windsurf. O desconforto se intensificou após usuários da Windsurf receberem, nos últimos dias, um e-mail informando sobre uma mudança iminente e oferecendo a possibilidade de garantir acesso à plataforma por US$ 10 mensais, em tom de “última chamada”.
Além disso, Kevin Weil, Chief Product Officer da OpenAI, divulgou recentemente um vídeo elogiando abertamente as funcionalidades da Windsurf, alimentando ainda mais as especulações.
A Windsurf — anteriormente chamada de Codeium — foi fundada em 2021 por Varun Mohan e Douglas Chen, ambos formados pelo MIT. A empresa já arrecadou US$ 243 milhões com investidores como Greenoaks Capital e General Catalyst, e vinha buscando uma nova rodada de captação com valuation estimado em US$ 2,85 bilhões, liderada pela Kleiner Perkins, segundo o TechCrunch.
Atualmente, a empresa gera cerca de US$ 40 milhões em receita recorrente anual (ARR). Para efeito de comparação, o Cursor da Anysphere já ultrapassou os US$ 200 milhões em ARR e discute uma rodada que pode elevá-lo a um valuation de US$ 10 bilhões.
Se confirmada, a aquisição da Windsurf pode alterar o equilíbrio de forças entre os principais players de assistentes de codificação com IA. Ao mesmo tempo, o movimento expõe os dilemas éticos e estratégicos enfrentados por grandes players como a OpenAI, que atuam simultaneamente como investidor, concorrente e consolidadores de mercado.
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