Em meio à era da automação, o conteúdo humano se torna diferencial estratégico. IA potencializa criadores, mas é a autenticidade que gera conexão, engajamento e ROI real.
Home » Entre algoritmos e autenticidade: o papel da IA na nova era do conteúdo humano
Em meio à era da automação, o conteúdo humano se torna diferencial estratégico. IA potencializa criadores, mas é a autenticidade que gera conexão, engajamento e ROI real.
Na nova era do conteúdo digital, a inteligência artificial é aliada da criatividade e amplia a relevância das marcas
Vivemos um momento de mudanças na comunicação digital. Se, até ontem, o desafio era produzir um grande número de conteúdos, hoje é garantir que essas informações sejam produzidas de forma genuína, relevante e autêntica. A inteligência artificial generativa, até pouco tempo vista como uma promessa distante, tornou-se parte ativa do processo criativo. Mas, ao contrário do que muitos temem, ela não veio para substituir o ser humano, mas sim, para potencializá-lo.
Mais do que nunca, o que está em jogo é a nossa capacidade de preservar a sensibilidade humana em um mundo cada vez mais automatizado. E, paradoxalmente, é justamente a ascensão dos conteúdos gerados por inteligência artificial que tem valorizado ainda mais o que é imperfeito e real. Não por acaso, conteúdos criados por pessoas reais, o chamado UGC (User Generated Content ou Conteúdo Gerado pelo Usuário), registram taxas de conversão maiores que produções publicitárias tradicionais. E ainda custam até dez vezes menos.
Com ferramentas capazes de gerar vídeos, textos, músicas e imagens em segundos, nunca houve tanta produção de conteúdo no mundo. Mas também nunca houve tanta repetição, superficialidade e desconexão. O YouTube, por exemplo, anunciou recentemente uma atualização na sua política de monetização, com o impacto direto sobre canais que publicam conteúdos totalmente gerados por inteligência artificial (IA) e considerados de baixa qualidade, o que o mercado passou a chamar de slop. Esta nova diretriz prevê que apenas conteúdos humanos e originais serão elegíveis para monetização, ou seja, vídeos repetitivos, que o YouTube considera como “produzidos em massa” e sem curadoria humana, estarão inadequados às novas regras.
Essa movimentação revela uma realidade cada vez mais clara: em momento de mais artificialidade, o conteúdo feito por pessoas se torna ainda mais relevante. E isso não é apenas uma percepção estética, é um dado de performance. Segundo a Stakla, 79% dos consumidores dizem que o conteúdo feito por usuários reais influencia diretamente suas decisões de compra.
Embora os conteúdos gerados por inteligência artificial estejam cada vez mais próximos da “perfeição”, com campanhas inteiras já se beneficiando dessa eficiência, o avanço acelerado da tecnologia tende a gerar um efeito colateral: a saturação. Em um futuro muito próximo, a internet estará inundada por peças tão impecáveis quanto impessoais, gerando um novo desafio para marcas e criadores. Nesse cenário, o elemento humano deixará de ser apenas uma característica desejável e passará a ser um diferencial competitivo. Afinal, a confiança do público será cada vez mais guiada por sinais de autenticidade, e a sensibilidade humana, com suas imperfeições e nuances, será o que conectará de verdade.
É nesse contexto que a inteligência artificial precisa ser reposicionada. Não como substituta da criatividade humana, mas como agente que acelera, organiza e amplia suas possibilidades. No lugar de centralizar a criação em uma única ideia, a inteligência artificial permite testar dezenas de abordagens diferentes, substituindo processos operacionais, manuais e lentos, e automatiza tarefas para que criadores possam dedicar mais tempo àquilo que realmente importa: a conexão com seu público-alvo.
A personalização, por exemplo, só se torna viável com o apoio de algoritmos que cruzam dados comportamentais, linguísticos e culturais. Mas o toque final, o que realmente faz um conteúdo funcionar, continua sendo humano. É a escolha da palavra certa. A pausa na hora de gravar. O sotaque, a emoção, o contexto. Nenhuma inteligência artificial replicará isso com verdade.
O conteúdo de massa está perdendo espaço para narrativas mais direcionadas. Em vez de campanhas genéricas para grandes públicos, marcas estão se conectando com nichos específicos, por meio de criadores que vivem essas realidades. São vozes que falam com gamers de madrugada, mães que conciliam treino e trabalho, profissionais da saúde, estudantes de medicina, todos com abordagens específicas.
Aqui, a inteligência artificial entra como facilitadora, ajuda a identificar padrões, sugerir formatos e organizar fluxos. Mas a alma do conteúdo vem das pessoas. São elas que sabem como se comunicar com as suas comunidades, porque fazem parte delas. E o impacto disso é mensurável. Conteúdos gerados por criadores reais têm até 6,9 vezes mais engajamento e 4 vezes mais retorno sobre o investimento (ROI), segundo dados da Comscore e Yotpo. Não se trata de uma tendência passageira, mas de uma transformação estrutural na lógica da comunicação digital.
Estamos entrando em uma nova era do marketing, onde a inteligência está nos bastidores e a humanidade está no centro. Onde os criadores não competem com algoritmos, mas os usam como extensão da sua criatividade. E as marcas entendem que não basta falar com muitos, é preciso falar com quem importa, do jeito certo.
Durante muito tempo, o marketing digital foi guiado por métricas como curtidas, seguidores e views. Mas o novo jogo exige outra régua: CTR, conversão, retenção e ROI. E nesse cenário, o conteúdo feito por usuários comuns tem se mostrado um ativo poderoso. Segundo a McKinsey, empresas que aplicam personalização em escala crescem a receita até 40% mais rápido do que concorrentes. Mas personalizar com eficiência não significa fazer um vídeo por target: significa testar dezenas, centenas de criativos, com mensagens e linguagens adaptadas à realidade de cada microaudiência.
A inteligência artificial vai seguir evoluindo. Mas é o conteúdo humano que seguirá movendo percepções e gerando conexões reais. E, é exatamente essa combinação, a eficiência da máquina com a sensibilidade da pessoa, que moldará o próximo capítulo da comunicação.
Com mais de 25 anos de experiência no mercado, o publicitário Deny Zatariano é idealizador e Cofundador da Pikko. Tem passagens por agências como JWT, Contrapunto BBDO (Espanha), REF+ e Cheil Worldwide, além de ter atuado como head de comunicação da startup Gringo. Na REF+ que liderou a transformação digital da agência e sua expansão para o mercado hispânico, além de assinar cases de destaque, como a campanha #FreteAbusivoNão para o Mercado Livre - reconhecida entre as “25 Most Contagious Campaigns” pela revista britânica Contagious em 2018.
O futuro acontece aqui: esteja entre os primeiros a receber insights, tendências e oportunidades que moldam o mercado.
Receba em primeira mão os movimentos do mercado da inteligência artificial
em nossa newsletter com nossa curadoria e conteúdos autorais: notícias mais relevantes,
destaques da semana, análises de nossos especialistas e colunas recomendadas.
+15.587 profissionais já assinaram