IA com borogodó

A inteligência artificial já conversa conosco, escreve e até ajuda a criar livros. Mas será que consegue ter o mesmo borogodó humano? Fernanda Nascimento, CEO da Stratlab, mostra como IA e criatividade podem caminhar juntas para transformar o trabalho sem apagar a essência humana.

Você provavelmente já participou de uma conversa online em que demorou algum tempo para perceber que seu interlocutor não era humano e sim uma inteligência artificial. 

Isso pode ter gerado reações diferentes, de um desconforto passageiro à sensação incômoda de ter sido enganado. Mas o fato é que você notou, nas entrelinhas do diálogo ou em uma resposta meio desajeitada, a ausência de uma sutileza típica dos seres humanos.

Sabemos que essas sutilezas tendem a ser cada vez mais incorporadas pela Inteligência Artificial, mas, até para estudiosos do assunto, é difícil prever a que ponto chegaremos.

Dentro das empresas, esse avanço causa arrepios. De um lado, líderes ainda confusos sobre como implantar a inteligência artificial de forma sistêmica, segura e ética. De outro, equipes que têm pesadelos com a ameaça da substituição.

Avanços tecnológicos sempre despertaram preocupações. No entanto, olhando para a história, é reconfortante lembrar que, em geral, as melhorias trazem mais qualidade para o trabalho ao longo do tempo. Portanto, aumento de produtividade não é necessariamente sinônimo de redução de postos de trabalho.

Seguindo essa lógica, acredito cada vez mais que caminhamos para uma integração entre humanos e IA. Para que isso aconteça, é preciso reimaginar processos com foco nas equipes e fluxos de trabalho centrados no ser humano e, aí sim, capacitados pela IA.

Ainda impera o clima de incerteza. Uma pesquisa do Slack com 17 mil pessoas aponta que quase metade (48%) dos entrevistados se sentiria desconfortável em admitir ao chefe que usa inteligência artificial para tarefas comuns no dia a dia. O dado acende um alerta para a falta de integração entre processos e pessoas e revela até uma certa imaturidade digital.

Já um levantamento da BCG indica que funcionários de organizações que estão passando por uma reformulação abrangente impulsionada pela inteligência artificial estão mais preocupados com a segurança no emprego (46%) do que aqueles em empresas menos avançadas (34%). Líderes e gerentes (43%) também têm mais probabilidade de se preocupar com a possibilidade de perder o emprego nos próximos dez anos do que funcionários da linha de frente (36%).

Os números refletem um momento de transição, mas há estudos que apontam para a direção oposta. Ethan Mollick, professor na Wharton School, da Universidade da Pensilvânia, investigou o impacto dessas duas forças, humanos e máquinas, no trabalho, no empreendedorismo e na vida cotidiana. 

Os resultados estão no best-seller Cointeligência: a vida e o trabalho com a inteligência artificial, publicado no Brasil pela Intrínseca. Mollick conta como produziu a obra em coautoria com a inteligência artificial generativa. Foram os LLMs que o ajudaram a destravar bloqueios criativos, listar exemplos, tecer comparativos, resumir artigos científicos e desenhar gráficos.

Sua relação com a inteligência artificial foi criativa e produtiva, e ele acredita que essa sintonia pode se repetir dentro das empresas. Grandes consultorias, como BCG, MIT Sloan e McKinsey, já dialogaram com as ideias de Mollick, talvez porque ele proponha um debate que interessa a todo mundo: como pensar e trabalhar com máquinas inteligentes, e também porque é fundamental dominar essa habilidade.

Um estudo recente da MIT Sloan deixa clara essa preocupação já no título: “Quais capacidades humanas complementam as deficiências da IA?”. A conclusão: trabalhos que dependem de características humanas como empatia, discernimento e esperança têm menos probabilidade de serem substituídos por máquinas. Vale lembrar que são necessários muitos humanos para fazer as máquinas pensarem como humanos.

Em vez de entregar nossa criatividade de bandeja para a IA, podemos usá-la para desafiar pensamentos, aprimorar ideias e potencializar habilidades próprias do ser humano, como improvisar, criar, sentir e cativar. É tecnologia com borogodó, uma mistura potente que só a gente sabe fazer.

Sobre a Stratlab 

A Stratlab é uma martech (empresa de tecnologia em marketing) que desde 2014 integra equipes multidisciplinares e ferramentas avançadas para contribuir para o crescimento e o desenvolvimento de negócios no ambiente digital.  A empresa tem como principal objetivo empoderar os clientes em marketing digital, nas vendas estratégicas para mercados B2B e em Customer Experience (CX), garantindo a presença das marcas com inteligência em diferentes mídias profissionais. Ao longo da sua trajetória, a Stratlab já implementou com sucesso estratégias em mais de 300 empresas, com mais de R$ 150 milhões em negócios realizados, envolvendo mais de 10 mil profissionais. Para mais informações, acesse: www.stratlab.com.br.

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