Skill-Based Organizations e o novo papel do RH na era da IA

O RH está diante de uma virada: ou lidera a transformação impulsionada por IA e dados, ou se torna irrelevante. Organizações baseadas em habilidades são o novo caminho estratégico.

Organizações baseadas em habilidades, inteligência artificial e performance prática estão redefinindo o papel do RH — e o tempo de reagir é agora.

Em um dos principais eventos dedicados à área de Recursos Humanos do Brasil, o HR4Results 2025, realizado na primeira semana de julho, eu tive a oportunidade de falar sobre um tema que considero urgente: o futuro do RH e sua relevância nas organizações. A provocação que abri no palco foi direta: o RH vai desaparecer ou se reinventar?

A verdade é que estamos diante de uma encruzilhada. De um lado, vemos a aceleração da inteligência artificial, a automação de processos e a busca desenfreada por produtividade. De outro, uma sociedade cada vez mais complexa, com novas expectativas sobre trabalho, propósito e relações humanas. O RH está no centro dessa tensão — e tem uma oportunidade histórica de liderar essa transição.

Uma pesquisa publicada no início deste ano apontou que 47,8% das empresas brasileiras já utilizam IA em seus processos e que 67,4% dos profissionais de RH apoiam totalmente o uso da tecnologia. Nenhum dos 196 profissionais de RH participantes manifestaram desaprovação, segundo o levantamento feito pela Caju, empresa de tecnologia especializada em soluções para gestão de RH, em parceria com as startups Comp e Pipo Saúde, O estudo integra a terceira edição do Goles de Inspiração, relatório anual desenvolvido pela Cajuína, frente de inteligência e conteúdo da Caju. 

Na Koru, o investimento em tecnologia foi intenso desde o início, mas especialmente no último ano, quando lançamos uma tecnologia de Inteligência Artificial (IA) para o desenvolvimento de equipes, até então inédita no Brasil e com poucos similares no mundo, a Koru Magic Works. Além disso, adquirimos a KRV, empresa de tecnologia que possuía um inovador software de learning experience, marcando a entrada da empresa no competitivo mercado de aprendizagem online, atualmente dominado por gigantes.

Diante disso, é hora de parar de falar da inteligência artificial de forma isolada para se começar a falar como nós vamos viver o mundo após a explosão tecnológica que estamos vendo acontecer, aqui e agora. Isso é sobre pessoas e sobre como o RH vai liderar essa discussão.

O que faz um RH ser relevante hoje?

Na prática, ser estratégico não é participar de reuniões com slides de PowerPoint bem apresentáveis. Ser estratégico é gerar resultado real para o negócio por meio das pessoas. E isso exige algo que nem toda área está disposta a fazer: medir impacto com seriedade.

Nosso trabalho na Koru com empresas como a Cogna e Scania mostra que é possível mensurar evolução de habilidades, atribuir valor real a iniciativas de treinamento e tomar decisões com base em dados. Em um de nossos projetos, conseguimos comprovar que um time de vendas evoluiu 3,8 pontos percentuais em habilidades após uma jornada prática de 60 horas. Os talentos de alta performance cresceram o dobro da média. Isso não é achismo — é evidência.

Esse tipo de dado transforma a conversa do RH com a alta liderança. Em vez de falar sobre “engajamento” de forma abstrata, passamos a mostrar qual parte do time está evoluindo, o que está travado e onde o investimento em desenvolvimento pode gerar retorno sobre o investimento, o tão falado ROI.

Organizações baseadas em habilidades: mais do que uma tendência

O termo em inglês parece complexo, mas a lógica das Skill-Based Organizations é simples: as empresas que alocam e desenvolvem talentos com base em habilidades — e não apenas sedimentadas em cargos — são mais ágeis, mais justas e mais preparadas para responder aos desafios do mercado.

Esse modelo exige três coisas:

·         Mapear habilidades com precisão;

·         Desenvolver com foco em impacto real;

·         Tomar decisões com base em dados, não percepções.

Quando bem feito, isso permite criar marketplaces internos de talento, orientar promoções com justiça, recrutar melhor, acelerar trilhas de aprendizado e identificar possíveis falhas antes que elas comprometam os resultados.

A IA não é o fim do RH — é o início de uma nova era

Muita gente me pergunta: “a IA vai substituir o RH?”

Minha resposta é sempre a mesma: não. Na verdade, a IA vai obrigar o RH a deixar de ser operacional para se tornar estratégico de verdade.

Se o RH continuar apenas rodando folha, recrutando sem critério estratégico ou replicando iniciativas por modismo, ele será automatizado. Mas se o RH assumir seu papel de pensar gente com profundidade, traduzir a cultura da sociedade para dentro da empresa e maximizar o potencial humano, ele será o protagonista do futuro.

No fim das contas, estamos discutindo o que torna uma empresa capaz de crescer de forma sustentável. E isso passa, invariavelmente, por pessoas. Pessoas com habilidades reais, aprendizados aplicáveis, repertório prático. Pessoas que aprendem, se desenvolvem e constroem ambientes mais humanos — e também mais produtivos.

É hora do RH parar de tentar justificar sua existência com discursos genéricos e passar a justificar com dados, impacto e clareza. O futuro já começou. E o RH precisa liderar essa transformação, ou ficará para trás.

Sobre a Koru – A Koru oferece soluções de capacitação personalizadas para empresas e profissionais que buscam evoluir com a agilidade que o mercado exige. Combinando tecnologia de ponta e uma abordagem orientada por dados, a Koru capacita indivíduos, lideranças e organizações no Brasil por meio de um modelo de aprendizagem inovador, adaptado aos desafios reais e focado em resultados práticos. Fundada por profissionais com décadas de experiência no mercado, a Koru já acelerou mais de 25 mil carreiras e construiu parcerias com mais de 300 empresas, incluindo Suzano, O Boticário, Alpargatas (Havaianas), iFood, XP e Ambev. Saiba mais em escolakoru.com.br.

Daniel Spolaor

Daniel Spolaor é cofundador e CEO da Koru, empresa de educação corporativa personalizada que já acelerou mais de 12 mil carreiras e conquistou mais de 300 companhias do porte de Suzano, O Boticário, Alpargatas (Havaianas) e iFood. O experiente profissional atua há duas décadas na área, tendo sido diretor de Gente, Operações e Estratégia para empresas como a Falconi, a Ambev para a América do Sul e a AmbevTech. Atualmente ele ainda atua como conselheiro de empresas, como da Climatempo.