Criações de inteligência artificial em estilo Ghibli provocam reação global e discussão sobre ética na arte

Explosão de imagens em estilo Ghibli geradas por IA reacende debate sobre uso não autorizado de obras artísticas. Fãs e comunidades online protestam em nome de Miyazaki, que já expressou repulsa à arte feita por máquinas.

Explosão de imagens em estilo Ghibli com IA mobiliza protestos e reabre debate sobre direitos autorais

A funcionalidade viral do ChatGPT levanta críticas sobre apropriação indevida, direitos autorais e ética na geração de imagens com inteligência artificial.

A mais recente funcionalidade de geração de imagens da OpenAI transformou o ChatGPT em uma ferramenta viral — especialmente após usuários descobrirem que ela podia criar imagens com ares de um filme do Studio Ghibli. Mas o que começou como um fascínio visual logo evoluiu para um protesto digital.

Em fóruns como o subreddit dedicado a Ghibli, moderadores reforçaram a proibição de conteúdos criados por inteligência artificial, sob a justificativa de que tais obras violam os princípios artísticos e éticos que cercam o legado de Hayao Miyazaki, diretor de clássicos como A Viagem de Chihiro e Meu Amigo Totoro.

Embora Miyazaki, hoje com 84 anos, não tenha se manifestado diretamente sobre o episódio, suas declarações passadas ressurgiram com força. Em um documentário de 2016, ao assistir a uma animação gerada por IA, o artista afirmou: “Quem cria isso não sabe o que é dor. Estou absolutamente enojado.”

A reação não se limitou ao Ghibli subreddit. Postagens com o apelo “BAN AI NOW” surgiram aos montes após uma enxurrada de imagens Ghibli-like invadirem plataformas como X, Instagram e até mesmo publicações oficiais — como a da própria Casa Branca, que divulgou uma ilustração no estilo Ghibli satirizando uma mulher sendo algemada por agentes da imigração, gerando polêmica.

Para os fãs mais ferrenhos, o uso dessas estéticas não é homenagem, mas apropriação indesejada. Modelos generativos como o da OpenAI são treinados com milhões de imagens da internet, muitas delas oriundas de obras protegidas por direitos autorais — como os frames dos filmes do Studio Ghibli. Nem Miyazaki, nem o estúdio deram permissão para tal uso.

A discussão não é isolada. O The New York Times e outros veículos já processam a OpenAI por uso não autorizado de conteúdo jornalístico em treinamentos. Meta e Midjourney enfrentam queixas similares, alimentando um debate global sobre ética, propriedade intelectual e o futuro da criatividade na era da IA.

Apesar das críticas, os números mostram o tamanho do fenômeno: mais de 700 milhões de imagens já foram geradas com a nova funcionalidade do ChatGPT, segundo Brad Lightcap, COO da OpenAI. “A diversidade visual tem sido extremamente inspiradora”, afirmou.

Enquanto a tecnologia avança a passos largos, o dilema entre inspiração e infração se intensifica. Para os fãs de Miyazaki, não se trata de nostalgia — mas de defender uma arte construída com alma, contra uma máquina que, como o próprio diretor disse, “não conhece a dor”.

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