Engenheiro engana startups de inteligência artificial com múltiplos empregos falsos

Engenheiro indiano usou entrevistas brilhantes e mentiras convincentes para trabalhar simultaneamente em diversas startups de IA do Vale do Silício, recebendo centenas de milhares de dólares sem entregar trabalho.

O caso de Soham Parekh expõe como a demanda por profissionais de inteligência artificial pode ser explorada por golpes no trabalho remoto.

Soham Parekh, um engenheiro de software baseado na Índia, enganou startups do Vale do Silício ao longo de mais de dois anos, assumindo vários cargos de forma paralela e recebendo altos salários sem cumprir entregas. Ele chegou a participar de vídeos institucionais de startups enquanto mentia para outras empresas dizendo estar doente, sem internet ou em processo de visto para se mudar aos EUA. O caso, revelado por fundadores de startups como Sync Labs, Create e Playground AI, expõe falhas em processos de contratação e riscos do modelo remoto.

Parekh foi descrito como extremamente convincente: GitHub com histórico consistente, comunicação fluida e entrevistas com excelente performance técnica. Em uma ocasião, comparou-se a um “10x engineer” — termo usado no Vale para profissionais altamente produtivos.

Ele foi contratado por empresas como Playground AI, Fuse AI, Fleet AI, Create, Sync Labs, Antimetal, Ponder.ai, Lindy, Digger e ComfyUI, quase sempre sendo demitido em poucas semanas após ausências, desculpas ou comportamento suspeito. Em pelo menos um caso, foi flagrado trabalhando em outro emprego enquanto dizia estar com doença crônica. Em outro, mentiu estar nos EUA enquanto seu IP revelava localização em Mumbai.

Fundadores relataram desculpas criativas: de casa danificada por drone militar até suposta renovação de visto com “retorno iminente” aos EUA. Em casos extremos, Soham chegou a negar estar empregado em outra startup mesmo após aparecer em vídeos da equipe da empresa concorrente.

Apesar dos abusos, executivos como Igor Zalutski (Digger) e Matt Parkhurst (Antimetal) admitiram que Parekh demonstrava competência acima da média, tanto em habilidade técnica quanto em raciocínio de negócio. Isso ajudava a derrubar suspeitas mesmo diante de incongruências.

A história ganhou contornos de “Catch Me If You Can” (filme estrelado por Leonardo DiCaprio sobre um fraudador carismático), e foi confirmada pelo próprio Soham Parekh em um podcast publicado após a exposição.

O caso levanta um alerta para startups em busca de talentos globais e evidencia como o trabalho remoto, aliado à explosiva demanda por engenheiros de inteligência artificial, abre brechas para golpes sofisticados. Fundadores agora reforçam verificação de referências, entrevistas presenciais e triangulação de informações em comunidades fechadas.

Paulo Junio

Paulo Júnio de Lima é Administrador com MBA em Marketing Digital e especialista em estratégia, inovação e gestão de projetos. Na Comunicação e Relações Públicas da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, desenvolve soluções para fortalecimento institucional. Com passagens por ORO, Agência Open, Brasil84 e VTIC, acumula experiência em marketing digital, branding e transformação digital. Certificado pelo IA Lab do Estúdio Kimura, aplica inteligência artificial em design, automação e comunicação. Membro ativo da Ordem DeMolay há mais de 18 anos, atua também em projetos sociais e educacionais.