Eventos inteligentes: reconhecimento facial com IA transformam a operação e o público

Reconhecimento facial com IA revoluciona eventos, garantindo segurança, eficiência e dados estratégicos, otimizando operações e experiência do público.

A cena é comum em grandes eventos: filas extensas na entrada, crachás que passam de mão em mão, pulseiras duplicadas e fornecedores improvisados. Tudo isso compromete a segurança e a organização de um setor que movimenta milhões de pessoas e bilhões de reais por ano. O festival #SouManaus Passo a Paço, por exemplo, já teve uma prisão em flagrante de um homem que vendia pulseiras falsificadas na entrada de um dos palcos. Enquanto na última edição do Rock in Rio houve a apreensão de uma credencial falsa que tentava liberar acesso indevido a um suposto fornecedor.

Fraudes como essas trazem prejuízos financeiros relevantes para produtores, artistas e patrocinadores, com perda direta de receita. Há ainda o impacto social: um ingresso falsificado que dá acesso a alguém sem registro expõe o público a riscos, além de comprometer a confiança e reputação no evento. A cada fraude identificada, cresce a pressão sobre os organizadores e sobre o setor como um todo para elevar os padrões de fiscalização.

Biometria facial com IA como solução

Tais episódios confirmam que há um problema recorrente na organização de eventos. O uso de crachás, pulseiras e senhas abre brechas para falsificações, e a contratação emergencial de fornecedores expõe a operação a riscos. Mas o reconhecimento facial, aliado à Inteligência Artificial, promete mudar esse cenário. A biometria facial é capaz de corrigir todas essas falhas, uma vez que fornecedores, prestadores de serviços e equipe de produção só conseguem circular se tiverem sido previamente cadastrados e homologados. O sistema não depende de papéis ou senhas repassadas e elimina a chance de alguém entrar sem autorização. 

A solução já está ganhando espaço. Nos carnavais de 2025, em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, as câmeras de reconhecimento facial foram adotadas para monitorar multidões — ajudando, inclusive, na identificação de 140 suspeitos de crimes em meio à folia. Em junho, a Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/2023), no artigo 148, passou a exigir a identificação biométrica em estádios com mais de 20 mil lugares para fins de controle e fiscalização do público, com um prazo de dois anos para as arenas atenderem à nova norma. Em março, 75% dos grandes clubes de futebol do país já contavam com a tecnologia em seus estádios.

É importante notar que, ao regulamentar a biometria em estádios, o governo brasileiro sinaliza que a tecnologia já está sendo tratada como parte da política de segurança nacional. O Estado reconhece que eventos de massa não podem mais depender de catracas e pulseiras para garantir a integridade do público. É uma mudança de paradigma: a biometria deixa de ser uma ferramenta opcional e passa a integrar a estrutura oficial de monitoramento, com base legal definida e fiscalização ativa.

Automação que dá previsibilidade

Na MeEventos, nossa plataforma integrada já está fazendo testes com reconhecimento facial em áreas estratégicas locais, como o BeFly Minascentro, em Belo Horizonte, mesmo ainda não sendo obrigatório. Nossa experiência nos mostrou que a automação dá mais previsibilidade ao trabalho. O cadastro de equipes é feito de forma antecipada, validado pela inteligência artificial e acionado automaticamente na entrada. Isso evita improvisos e garante que cada pessoa que circula nos bastidores esteja regularizada.

Para o público, o impacto é imediato. As filas de entrada diminuem, agilizando o processo. A tecnologia organiza o fluxo e ainda gera informações em tempo real sobre a movimentação dentro do evento. Quando há concentração excessiva em determinados pontos, a equipe de segurança pode ser redirecionada de forma estratégica. O mesmo vale para o reforço de atendimento em bares, banheiros ou áreas de descanso.

E os dados gerados não se encerram no dia do evento. Eles ajudam a planejar a edição seguinte com mais precisão. Horários de pico, perfil etário do público, taxa de ocupação dos espaços e desempenho dos fornecedores passam a ser informações objetivas. Essa inteligência permite calcular custos de forma mais racional, negociar contratos com base em evidências e estruturar operações com uma menor margem de erro.

A crítica mais frequente à biometria está na proteção de dados. Por isso é fundamental que o setor adote protocolos transparentes e cumpra a legislação, especialmente a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD (Lei nº 13.709/2018). Na minha visão, a experiência recente dos estádios de futebol mostra que é possível equilibrar segurança e respeito à privacidade quando há clareza sobre a finalidade e o armazenamento das informações. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) tem acompanhado a implementação desses sistemas, fiscalizando o cumprimento da LGPD e garantindo que o tratamento dos dados seja realizado de forma transparente e segura. Isso evidencia que, com regulamentação adequada e transparência, é possível utilizar tecnologias de reconhecimento facial para melhorar a segurança nos eventos, promovendo uma experiência mais tranquila para o público e, ao mesmo tempo, respeitando os direitos individuais.

Brasil na liderança da inovação

O setor de eventos brasileiro tem condições de ser referência nesse campo. Somos um país de grandes festivais e celebrações populares. Só o Carnaval gerou cerca de R$ 12 bilhões em receita em 2025, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). E para além das festas tradicionais, o Brasil sediou 364 festivais de música em 2024, um aumento de 20% em relação ao ano anterior, segundo o Mapa dos Festivais, e deve manter o fôlego em 2025.

Com a incorporação do reconhecimento facial, podemos liderar em soluções de segurança e gestão, já que a tecnologia permite que cada aspecto da operação seja monitorado e analisado, desde a performance dos fornecedores até o tempo médio de permanência do público. Com essas informações, os organizadores podem planejar a logística de forma mais precisa, antecipar gargalos e dimensionar equipes com base em dados reais, otimizando recursos. Além disso, os patrocinadores passam a ter acesso a métricas confiáveis para embasar investimentos futuros. E você, já pensou em colocar biometria nos seus eventos?

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Tiago Ferreira

Tiago Ferreira é empreendedor no setor de tecnologia e especialista em soluções para o mercado de eventos. Iniciou sua trajetória no mundo dos negócios aos 17 anos, quando fundou sua primeira empresa na área de tecnologia. Com experiência em dados, vendas e inovação, criou a MeEventos em 2014, transformando-a em uma das principais plataformas de gestão para empresas do setor. Como CEO, lidera a estratégia e o crescimento da empresa, promovendo a digitalização e a eficiência operacional no planejamento e execução de eventos.