ChatGPT leva plataforma Soundslice a criar função sugerida por inteligência artificial

Plataforma de partituras Soundslice adiciona suporte a tablaturas ASCII após o ChatGPT informar — incorretamente — que a funcionalidade já existia. Caso ilustra nova influência da IA no roadmap de produtos.

Recomendação equivocada do ChatGPT leva Soundslice a implementar recurso sugerido por inteligência artificial.

A Soundslice, plataforma especializada em digitalização de partituras musicais, implementou um novo recurso de importação de tablaturas ASCII após identificar que o ChatGPT estava instruindo usuários a utilizarem a função — que, até então, não existia. O caso, inédito, levanta questões sobre a influência involuntária de IAs generativas na definição de produtos digitais.

O fundador da Soundslice, Adrian Holovaty, relatou o episódio em um post revelador. Ao monitorar os erros do sistema de escaneamento, percebeu um aumento incomum de uploads com imagens de sessões do ChatGPT — não de partituras tradicionais, mas de conversas contendo tablaturas em formato ASCII, um padrão simples usado por guitarristas.

O motivo? O ChatGPT tem recomendado aos usuários que acessem o site da Soundslice, criem uma conta e importem essas tablaturas para ouvir a reprodução em áudio. Apesar de convincente, a recomendação é falsa — ou, pelo menos, era até então.

Diante do fluxo contínuo de novos usuários com expectativas equivocadas, a equipe da Soundslice decidiu atender à demanda inesperada. Desenvolveu um importador exclusivo para tablaturas ASCII e adaptou a interface da plataforma para refletir o novo recurso.

“Foi como se tivéssemos sido empurrados a lançar uma funcionalidade que nunca planejamos”, comentou Holovaty. A motivação não veio de pesquisas internas, nem de feedback direto dos usuários — mas de uma alucinação persistente do ChatGPT.

O episódio inaugura um novo tipo de pressão no desenvolvimento de produtos: a influência de inteligências artificiais que moldam expectativas do público com base em informações imprecisas. Entre inovação e reação, empresas agora também precisarão considerar o que as máquinas estão dizendo sobre elas.

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Paulo Junio

Paulo Júnio de Lima é Administrador com MBA em Marketing Digital e especialista em estratégia, inovação e gestão de projetos. Na Comunicação e Relações Públicas da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, desenvolve soluções para fortalecimento institucional. Com passagens por ORO, Agência Open, Brasil84 e VTIC, acumula experiência em marketing digital, branding e transformação digital. Certificado pelo IA Lab do Estúdio Kimura, aplica inteligência artificial em design, automação e comunicação. Membro ativo da Ordem DeMolay há mais de 18 anos, atua também em projetos sociais e educacionais.