Google usa inteligência artificial para resumir notícias no Discover e reduzir cliques

Google implementa resumos gerados por inteligência artificial no Discover, substituindo manchetes diretas por sínteses automáticas. Mudança pode agravar ainda mais o declínio de tráfego para veículos de mídia.

Google testa nova geração de IA no Discover, acentuando impacto sobre veículos de mídia e queda nos cliques.

O Google começou a implementar resumos automáticos gerados por inteligência artificial no Discover, feed de notícias presente no app de busca para iOS e Android. A novidade substitui manchetes diretas por uma síntese criada por inteligência artificial, acompanhada dos logotipos das publicações citadas. A empresa confirmou que o lançamento está ocorrendo nos EUA, e não se trata apenas de um teste. A medida amplia a tensão com veículos de mídia, já prejudicados por uma expressiva queda no tráfego orgânico.

O recurso, que por enquanto aparece em tópicos populares como esportes e entretenimento, inclui um aviso de que o conteúdo foi gerado por inteligência artificial “e pode conter erros”. Os resumos são exibidos diretamente no aplicativo, permitindo ao usuário decidir se deseja visitar os sites originais — uma mudança que reduz substancialmente a necessidade de cliques.

Além disso, o Google também está testando formatos como listas de tópicos resumidos e agrupamentos de notícias relacionadas. No caso de reportagens políticas ou temas controversos, o Discover passa a organizar múltiplas fontes e perspectivas em um mesmo bloco.

A iniciativa chega em um momento delicado: segundo a Similarweb, o tráfego global de busca caiu 15% em um ano. Mais alarmante ainda, 69% das buscas por notícias não resultam mais em cliques em sites — número que era 56% antes do lançamento do AI Overviews, em 2024.

O Discover havia se mantido como uma exceção, ainda gerando tráfego para veículos. Mas isso pode mudar com a nova abordagem de inteligência artificial.

Em resposta às críticas, o Google lançou o Offerwall, recurso que permite monetizar o conteúdo via micropagamentos, formulários, newsletters ou visualização de anúncios. No entanto, para muitos publishers, as perdas já são irreversíveis.

Ao transformar conteúdo noticioso em produto de inteligência artificial, o Google redefine as regras do jogo no ecossistema de mídia — e deixa os veículos em busca de um modelo de sustentabilidade que vá além do clique perdido.

 

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Paulo Junio

Paulo Júnio de Lima é Administrador com MBA em Comunicação e Marketing Digital pela HSM University, especializado em planejamento estratégico, inovação e gestão de projetos. Atua na área de Comunicação e Relações Públicas da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, onde desenvolve e implementa soluções criativas para fortalecimento institucional e relacionamento com o público. Com uma trajetória sólida em marketing digital, Paulo acumulou experiências em empresas como ORO, Agência Open, Brasil84 Comunicação e VTIC, liderando equipes multidisciplinares e conduzindo projetos com foco em performance, posicionamento de marca e transformação digital. Entusiasta das novas tecnologias, tem se dedicado à aplicação prática da Inteligência Artificial em ambientes criativos e de gestão. É certificado pelo IA Lab do Estúdio Kimura, com foco em IA aplicada ao design, branding e automação de processos, ampliando seu repertório estratégico para entregar soluções mais inovadoras e eficientes. Além de sua atuação profissional, é membro ativo da Ordem DeMolay há mais de 18 anos, exercendo funções de liderança em iniciativas sociais, educacionais e filantrópicas. Suas principais competências envolvem estratégia digital, branding, IA aplicada à comunicação, marketing de impacto e gestão de projetos ágeis.