Não há mais tempo para experimentar IA, o mercado exige maturidade

Empresas que apenas testam IA estão ficando para trás. A maturidade exige mais: visão estratégica, dados organizados, cultura digital e impacto real nos negócios. Descubra como sair da fase piloto e competir entre os 1% que lideram a nova era tecnológica.

Vivemos um momento histórico para a tecnologia. Em 2025, ferramentas como ChatGPT da Open AI e Gemini do Google passaram a integrar estratégias de grandes empresas. No entanto, segundo pesquisa da McKinsey, apenas 1% dos executivos afirma que sua adoção de inteligência artificial (IA) é verdadeiramente madura. Esse número revela que as organizações continuam longe de explorar todo o potencial dessas tecnologias.

Outro estudo, agora da Gartner, realizado com 644 organizações, mostrou que apenas 9% das empresas são consideradas maduras em IA, definidas por modelos de governança robustos, integração entre equipes técnicas e áreas de negócio, e capacidade de escalar projetos além da fase piloto. Se menos de 10% alcançaram o estágio de maturidade e apenas 1% dos executivos o enxerga em sua empresa, temos um descompasso grave.

Muitas empresas iniciam projetos promissores, mas permanecem na fase de Provas de Conceito (PoCs) ou projetos piloto, sem estrutura para escalar, engajar colaboradores ou medir resultados com clareza. Com base nos últimos 6 anos de interações comerciais com prospectos e de participar na utilização de tecnologia com nossos clientes, percebo que poucas companhias estão aptas a treinar equipes em IA e grande parte não dispõe dos talentos necessários. Quando mais o nível ainda mais básico, o letramento necessário para tomar decisões orientadas por dados. Esse cenário compromete o retorno sobre investimento (ROI) das iniciativas em Data, IA & Analytics, a segurança e privacidade dos dados e a própria sustentabilidade da empresa perante concorrentes cada vez mais tecnológicos.

Maturidade em inteligência artificial vai além do uso pontual de ferramentas: exige visão estratégica, governança, integração fluida entre maturidades de análises (descritiva, diagnóstica, preditiva e prescritiva)  e uma cultura orientada para o impacto real nos negócios e ao cliente. Os cenários políticos e econômicos mudam muito rápido, por isso as empresas devem sempre estar um passo à frente. 

IA como ferramenta central para conexões humanas

Recentemente, vivi uma situação que vale a pena ser compartilhada. Eu e meu time fizemos uma apresentação para um cliente em potencial nos Emirados Árabes. Provavelmente, se tivéssemos feito essa mesma apresentação há seis anos, teríamos desenvolvido uma apresentação estática em inglês e sem conexão cultural alguma, mesmo com todo nosso conhecimento de engenharia e ciência de dados já naquela época. Hoje, isso mudou.

Para a apresentação realizada, orquestramos múltiplos modelos de inteligência artificial — incluindo o Veo 3 da Google — para criar um vídeo completo do início ao fim com mínima entrada de um ser humano. Através do requisito inicial de “construir uma relação comercial com uma empresa dos Emirados Árabes e a Dadosfera”, a inteligência artificial pesquisou sobre as duas empresas envolvidas, incluiu uma etapa de ideação e desenvolvimento do roteiro escrito e visual. Em uma segunda fase, a IA desenvolveu os diálogos e áudio em inglês com sons ambientes (o momento que o Sheik Árabe serve o café é sincronizado com o som provável). Nas fases finais, a IA separou precisamente as vozes dos atores virtuais e da música de fundo para evitar com que a música estivesse em um volume alto quando houvesse um diálogo. Por último, para efeitos de comunicação, a IA adicionou legendas, animação personalizada da nossa logo Dadosfera e renderização de cenas aéreas. Todo esse trabalho envolveria uma equipe multi-disciplinar de alta compensação para ser entregue há alguns anos. Mais do que isso, até detalhes específicos poderia ter sido deixado de fora por uma equipe sem auxílio de uma inteligência artificial para desenvolvimento. Nesse sentido, a IA sem ter um direcionamento de um ser humano, sugeriu uma das cenas com base nos costumes locais. Durante a conversa entre os executivos (um árabe e um ocidental), é servido um cafezinho arábico em um bule típico! Esse caso de uso mostra uma comunicação estratégica e culturalmente alinhada com o mercado global, facilitando estratégias de internacionalização antes proibitivas devido aos altos custos.

E por que conseguimos gerar algo tão completo e estruturado enquanto as ferramentas atuais entregam vídeos curtos e sem contexto? Porque realmente entramos na era da IA, com o uso da tecnologia, módulo AI Flow da Dadosfera, e de uma aplicação clara no mundo corporativo, marketing e vendas para internacionalização. O uso da inteligência artificial nos permitiu ter tempo para ir além: aprender sobre a cultura e os costumes locais. Mais do que apenas uma designer, a inteligência artificial agiu em múltiplos papéis, desde uma diretora cinematográfica até uma consultora cultural.

Esse exemplo ilustra uma virada fundamental no uso de inteligência artificial nas empresas: não se trata apenas de automatizar tarefas, mas de ampliar capacidades humanas e horizontes. A inteligência artificial pode ser uma aliada em processos criativos, tomada de decisão, relacionamento com clientes e, como vimos, até mesmo na adaptação cultural para expansão internacional. O limite deixou de ser a tecnologia disponível e passou a ser o quanto as empresas estão dispostas a investir em tecnologia, capacitação e mudança de mentalidade.

Em que era sua empresa está?

Executivos devem se perguntar: sua empresa opera como em 2005, 2018 ou 2025? Estão produzindo documentos e conteúdos genéricos ou já utilizam IA para transformar a narrativa e a operação? A internacionalização, a expansão e a eficiência da empresa estão sendo impulsionadas por IA? Talvez sua organização já tenha feito testes, mas maturidade não é executar um piloto: é extrair valor real de forma consistente, segura e sustentável. É conseguir mensurar resultados, escalar ações e governar riscos. Lembre-se da pesquisa do início deste artigo, sua empresa permanecerá no grupo dos 99% que não se considera madura (talvez nunca saia dessa situação) ou se juntará aos 1% que já ocupam a vanguarda de um mercado cada dia mais competitivo??

Outro ponto fundamental é entender que a maturidade em IA não depende apenas de orçamento ou do porte da empresa. Startups e médias empresas que tratam dados com seriedade, organizam seus processos e tomam decisões baseadas em dados podem estar mais preparadas para operar com IA do que grandes corporações que seguem presas a estruturas inflexíveis. O fator decisivo é o grau que a estratégia acelera a incorporação da IA na cultura da empresa, em seu DNA.

Para isso, é preciso encarar dados e IA como pilares centrais do negócio. Os dados devem estar bem organizados, acessíveis de maneira segura e interconectados entre sistemas,permitindo assim, uma interpretação inteligente e holística da situação passada, atual e futura da empresa. A inteligência artificial precisa estar a serviço de objetivos claros, como melhorar a experiência do cliente, reduzir custos operacionais, acelerar ciclos de inovação ou apoiar decisões críticas. Essa lógica deve ser incorporada pela liderança e desdobrada em todos os níveis da organização.

O tempo de espera passou. Experimentar não basta. Entrar de vez na Era da IA deixou de ser diferencial: é exigência de sobrevivência e relevância. O 1% que já entendeu isso está ditando o ritmo da próxima revolução empresarial. Sua empresa fará parte desse grupo ou assistirá de fora?

Luis Martins

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFMG, Luis Martins possui mais de dez anos de experiência liderando projetos de mecatrônica, dados e inteligência artificial (IA). Atuou na área de aeronáutica da Embraer e migrou para projetos de IA na Data Sprints, empresa fundada por ele antes da Dadosfera. O especialista entrevistou mais de 1000 empresas no Brasil e ao redor do mundo para entender como elas podem maximizar seus negócios por meio da nuvem, dados e IA. E chegou a conclusão de que as pessoas e organizações não buscam engenharia de dados, ciência de dados, business intelligence ou IA. O que todos querem é resultado. Além de CEO e cofundador da Dadosfera, Luis também é fundador do Instituto Health Lake, patrocinado pela Dadosfera, focado no avanço social e tecnológico. Anteriormente, fundou a Optme, empresa focada em marketing, que proporcionou retornos expressivos para sua principal cliente, a Dadosfera.