O Futuro das Imobiliárias Está na Eficiência

A IA está redefinindo vendas no setor imobiliário ao aumentar a eficiência, qualificar leads em tempo real e transformar corretores em consultores estratégicos. O futuro já começou.

Como a Inteligência Artificial Está Redefinindo Vendas

Quando iniciei o portal de imóveis Viva Real em 2009, as imobiliárias ainda investiam nos classificados impressos e outros canais offline. Corretores ainda não usavam smartphones, não existia WhatsApp nem Instagram. Tão pouco recursos com inteligência artificial.

Com o tempo, portais imobiliários floresceram, mídias sociais e anúncios pagos se tornaram essenciais e o volume de leads cresceu vertiginosamente. O processo de busca do imóvel se tornou mais simples, assim como o contato com a imobiliária. 

Porém surgiram muitas dores: de um lado, o cliente ainda sofre com a falta de resposta, demora no atendimento e experiência insatisfatória. Segundo pesquisa da Plaza Technologies com mais de 1.500 imobiliárias de locação, 20% dos leads nunca são respondidos e o tempo médio de resposta é de 6 horas.

Por outro lado, a imobiliária e seus corretores sofrem com a falta de eficiência: desperdiçam boa parte do seu investimento em marketing, perdem vendas por ineficiência e prejudicam a imagem da marca.

A revolução atual não chegou na forma de robôs ou de realidades virtuais no metaverso. A verdadeira transformação está em algo mais silencioso, mas poderoso: a busca por eficiência.

Nos bastidores do mercado imobiliário, um setor que possui muitas ineficiências, a inteligência artificial começa a cumprir uma promessa simples: fazer mais com menos. Não se trata de modismo, nem de substituir pessoas, mas de refinar processos, eliminar desperdícios e potencializar o que o ser humano faz de melhor — relacionamento, empatia e tomada de decisão.

Essa é a história que tenho vivido de perto como CMO da Plaza, startup criadora da Maya, uma plataforma movida a inteligência artificial especializada em imobiliárias. Mais do que uma tecnologia, a Maya é o reflexo de um movimento inevitável: o futuro das imobiliárias será definido pela capacidade de operar com mais inteligência, agilidade e foco no que realmente importa.

O mercado imobiliário tem passado por uma transformação silenciosa, mas profunda. Clientes cada vez mais digitais (90% iniciam a busca online) e exigentes (52% esperam uma resposta em até 5 minutos). Por sua vez, as equipes comerciais estão sobrecarregadas, tentando equilibrar captação de leads, visitas e negociações com processos muitas vezes manuais e fragmentados.

Em meio a esse cenário de mudança acelerada, a eficiência deixou de ser uma meta distante para se tornar uma questão de sobrevivência. As imobiliárias que entendem isso têm buscado na inteligência artificial uma aliada poderosa para redefinir seu funcionamento, conquistar produtividade e entregar experiências que encantem o cliente em todas as etapas – do primeiro contato ao pós-venda.

Hoje um grande diferencial competitivo se traduz na capacidade de processar informações rapidamente, antecipar necessidades e responder de forma proativa, algo que só é possível com o uso inteligente de dados e processos que rodam automaticamente 24 horas por dia.

Neste artigo, exploro como a inteligência artificial está mudando de maneira prática e tangível a pré-qualificação de leads, que impacta diretamente o funil de vendas. Você encontrará exemplos, insights e boas práticas para tornar as imobiliárias mais eficientes, preparadas e competitivas em um mundo que não para de evoluir.

O problema não é falta de lead. É o excesso de ruído.

Durante anos, o mantra da imobiliária foi: “precisamos de mais leads”. Portais imobiliários, mídia paga, redes sociais — tudo voltado para gerar volume. Mas o que muitos ignoram é que o problema não está necessariamente na quantidade de oportunidades, e sim na capacidade de tratá-las bem.

Hoje, uma imobiliária média pode receber dezenas ou até centenas de contatos por semana. Quantos deles são realmente respondidos a tempo? Quantos se perdem na caixa de entrada, nos grupos de WhatsApp ou nas planilhas improvisadas? 

Muitas imobiliárias ainda operam com processos manuais, dependentes de pessoas para tarefas repetitivas e com baixa rastreabilidade. O resultado é previsível: tempo desperdiçado, leads mal atendidos, corretores sobrecarregados e clientes perdidos.

É para resolver esta dor que aparece a IA.

O pré-atendente que trabalha sem descanso

As IAs de pré-atendimento nasceram para resolver um problema específico: a ineficiência no atendimento e qualificação de leads imobiliários.

A lógica da Maya é simples: quando um lead entra, em segundos a IA conversa com ele por WhatsApp (por texto ou voz), coleta informações como perfil do imóvel desejado, intenção, urgência, responde dúvidas, oferece imóveis relevantes, analisa crédito e pré-agenda uma visita com o corretor mais adequado – tudo em tempo real, 24/7.

Isso libera o time de vendas para focar em atender leads realmente qualificados, visitar imóveis com maestria, gerar conexão com o comprador e intermediar vendas complexas.

Em vez de substituir o corretor, a IA atua como filtro, como extensão – um braço digital que garante que nenhuma oportunidade seja perdida por descuido ou falta de tempo.

A eficiência como vantagem competitiva invisível

É comum ver a eficiência como um conceito operacional. Mas na prática, ela é o que define o sucesso ou o fracasso de uma imobiliária.

Eficiência significa:

  • Atender mais rápido que a concorrência.
  • Conectar os leads certos com os imóveis certos.
  • Priorizar o tempo dos corretores com quem realmente tem potencial de compra.

E mais importante: eficiência vira experiência do cliente. Quando uma inteligência artificial responde de forma clara e imediata às 23h de um domingo, isso vira diferencial. Quando o corretor liga no dia seguinte com tudo em mãos, o cliente percebe que está lidando com uma empresa organizada, moderna e profissional.

Analisei mais de 300 imobiliárias com pré-atendimento de inteligência artificial nos últimos meses e os números são impactantes: aumento médio de 50% nas visitas a imóveis (há casos em que aumentaram  2, 3 ou até 4 vezes). O retorno é palpável: aumento na conversão de leads em visitas, propostas e vendas.

O novo papel do corretor de imóveis

A IA não elimina o humano – ela o potencializa.

Em um mundo onde a tecnologia faz o trabalho pesado, o corretor pode (e deve) se transformar em consultor, negociador, conselheiro. Um expert em assessorar o comprador para realizar a melhor compra possível.

O foco muda de “disparar dezenas de mensagens” para “fazer as perguntas certas para fechar uma venda”. O tempo antes gasto preenchendo planilhas, agora pode ser usado para estudar o cliente, entender seus medos e necessidades e antecipar objeções.

Da mesma forma, a imobiliária passa a ser um hub de inteligência, analisando dados de comportamento, funis de conversão e gargalos operacionais para tomar decisões mais rápidas e eficazes.

Lições para além do mercado imobiliário

O que estamos vivendo com a inteligência artificial no mercado imobiliário também está afetando outros setores igualmente tradicionais: seguros, saúde, educação e serviços financeiros.

A maioria das empresas não precisa de uma IA que fale com humanos em tom filosófico. Precisa de uma IA que resolva um problema prático com consistência.

É por isso que a transformação digital real começa pequena:

  • Mapear os fluxos críticos em vendas.
  • Escolher um problema prioritário (ex.: qualificação de leads).
  • Avaliar ferramentas compatíveis com o CRM utilizado.
  • Capacitar o time para operar e monitorar.
  • Acompanhar indicadores de desempenho.

A IA pode ser complexa por dentro, mas sua aplicação deve ser simples por fora.

Eficiência é o novo encantamento

No fim das contas, eficiência é o que encanta. Quando a jornada flui, quando o cliente é ouvido sem fricção, quando tudo funciona do jeito que deveria – a mágica acontece.

O futuro pertence às imobiliárias que souberem unir o toque humano – tão essencial nas negociações – à inteligência de sistemas capazes de antecipar necessidades e responder em tempo real. A boa notícia é que essa transformação está ao alcance de qualquer gestor disposto a começar pequeno, aprender rápido e evoluir continuamente.

Nesse cenário, a inteligência artificial não é o protagonista no palco, mas a equipe de produção que carrega o piano e garante que o espetáculo aconteça do jeito certo.

Não é a IA que vai substituir o corretor. É o corretor que usa o poder da IA que vai deixar os outros para trás.

Esse futuro já começou e está sendo escrito todos os dias, uma conversa por vez.

Fontes:

Deloitte: “Generative AI in real estate”

Plaza: Panorama de atendimento imobiliário 2025

McKinsey: “Generative AI can change real estate, but the industry must change to reap the benefits”

Diego Simon

Diego Simon compartilha uma visão focada no impacto da IA nos negócios e nas pessoas. Conecta seu olhar humano, experiência empreendedora e em inovação para interpretar mudanças complexas e criar conteúdo relevante e de alto impacto. Empreende em startups desde 2009, foi cofundador do portal de imóveis Viva Real e da plataforma de decoração Viva Decora. Atualmente é CMO da Plaza Technologies, especializada em soluções de IA para imobiliárias. É consultor de marketing, professor e palestrante sobre marketing e tecnologia. Formado em administração de empresas pela FGV-EAESP, possui Global Executive MBA pela IESE Business School.