O que esperar da Inteligência Artificial no mercado de eventos

Nos últimos anos, antes de qualquer contato com a inteligência artificial, testemunhamos o mercado de eventos passar por uma transformação sem precedentes. Antes da pandemia, o setor já apresentava sinais robustos de crescimento, impulsionado por consumidores cada vez mais ávidos por experiências memoráveis. Mas foi após 2020 que o mercado viveu sua maior revolução: por conta da pandemia, as empresas e produtores de eventos passaram a adotar tecnologias, métodos de gestão, controle rigoroso de custos e estratégias de geração de leads com muito mais intensidade. O mercado ficou mais competitivo e, sejamos sinceros, muito mais preparado também.

Agora, estamos às portas de um novo salto, dessa vez puxado pela Inteligência Artificial.  Quem já está se organizando, coletando e estruturando dados, vai tirar muito proveito do que a IA tem para entregar nos próximos anos.

Para dimensionar o potencial dessa revolução, vale olhar para alguns números. Segundo dados da Allied Market Research, o mercado global de eventos deve  atingir US$ 1.2 trilhões até 2032, crescendo a uma taxa média anual (CAGR) de 6,4%. No Brasil, os números também impressionam. A Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) estima que o setor deve alcançar um consumo de R$ 141,1 bilhões em 2025, representando um crescimento de 8,4% em relação a 2024.  

Ou seja, estamos falando de um mercado gigantesco, onde cada ponto percentual de eficiência ou redução de custos pode significar milhões de reais em ganho de margem. E é justamente aí que a IA começa a se tornar o próximo divisor de águas.

IA: o novo alicerce da inteligência de negócio

Antes, grande parte das decisões no setor de eventos dependia da experiência acumulada dos produtores, insights empíricos e dados dispersos. Apenas recentemente esses dados foram organizados em uma única plataforma, a DataEventos. Agora, a IA permite algo que até pouco tempo atrás soava impossível, é o caso do cruzamento de dados massivos, identificar padrões ocultos e até oferecer insights em tempo real.

Imagine um produtor responsável por um grande festival musical. Com sistemas baseados em IA, é possível cruzar históricos de vendas de ingressos, sazonalidade de demanda, comportamento de consumo do público, previsão do tempo, eventos concorrentes na mesma cidade, tendências culturais e até indicadores econômicos locais. Tudo isso, em segundos.

De acordo com relatório da Grand View Research, o mercado global de soluções de IA deve atingir US$ 1,81 trilhão até 2030, com uma taxa de crescimento de 36,6% ao ano. No setor de entretenimento e eventos, o uso de IA ainda é inicial, mas há projeções de expansão acelerada, especialmente em áreas como análise preditiva, chatbots, reconhecimento facial, personalização de experiências e automação de processos logísticos.

Mas, onde exatamente a IA é aplicada?

As possibilidades da IA no mercado de eventos são quase ilimitadas. Vamos a alguns exemplos práticos:

• Previsão de vendas de ingressos: algoritmos de machine learning analisam padrões históricos e fatores externos (como feriados, clima e inflação) para projetar quando é o melhor momento para abrir vendas ou lançar promoções. Isso ajuda a evitar tanto lotações abaixo da meta quanto superlotações que podem comprometer a experiência do público.
  
• Precificação dinâmica: assim como companhias aéreas e hotéis, eventos podem usar IA para ajustar preços dos ingressos em tempo real, conforme a demanda, otimizando receita.
  
• Experiência personalizada: chatbots inteligentes podem responder dúvidas do público antes, durante e depois do evento, recomendando atrações, food trucks ou produtos de acordo com o perfil do usuário.
  
• Gestão operacional: softwares baseados em IA ajudam a planejar escalas de equipe, prever estoques necessários para bares e food services, dimensionar áreas de segurança e até simular fluxos de pessoas para evitar gargalos.
  
• Reconhecimento facial: a tecnologia está sendo usada para acesso rápido a eventos, reforçando segurança e reduzindo filas, uma tendência que cresce ano a ano.

Não dá para esperar

É fato: quem já está estruturando seus dados está em enorme vantagem. A IA só funciona bem quando alimentada por informações corretas e organizadas. Dados bagunçados ou inexistentes são o maior impeditivo para embarcar nessa onda.

No mercado de eventos, isso significa ter desde informações básicas, como números de público, ticket médio, horários de maior movimento, até dados mais sofisticados sobre comportamento do público, consumo de bebidas e alimentos, engajamento em redes sociais e interações em apps do evento.

Quem dominar essa ciência vai conseguir prever cenários, reduzir custos, aumentar receitas e entregar experiências memoráveis. Quem não se mover agora pode ficar para trás.

Ainda é cedo para afirmar de fato como a IA vai moldar cada detalhe da indústria de eventos. Mas, uma coisa é certa: a inteligência artificial está longe de ser modismo. Ela representa uma virada de chave capaz de transformar planejamento, operação e experiência do público.

Acredito que o futuro pertence às empresas capazes de unir criatividade e tecnologia. Para os produtores de eventos, é essencial começar a se preparar logo, organizar seus dados, testar novas ferramentas e buscar parceiros tecnológicos. 

O próximo grande salto do mercado já está acontecendo e fazer parte das transformações da inteligência artificial é sinônimo de estar à frente da concorrência.