Waymo prepara uso de imagens internas para treinar inteligência artificial em robotáxis

Waymo considera usar gravações internas de passageiros para treinar IA generativa; medida traz à tona dilemas sobre privacidade e vigilância em veículos autônomos.

Waymo usará imagens internas de robotáxis para treinar modelos de inteligência artificial generativa

A Waymo, subsidiária da Alphabet e referência no setor de robotáxis nos EUA, está desenvolvendo um novo recurso que permitirá utilizar imagens internas captadas pelas câmeras dos veículos — vinculadas à identidade dos passageiros — para treinar modelos de inteligência artificial generativa. A informação surgiu a partir de uma versão preliminar e não publicada da política de privacidade da empresa, revelada pela pesquisadora Jane Manchun Wong.

Segundo a Waymo, a funcionalidade ainda está em fase de testes e não implicará mudanças imediatas na política atual. No entanto, os usuários terão a opção de recusar o uso de seus dados — incluindo imagens internas dos carros — para fins de treinamento de machine learning ou IA generativa.

Julia Ilina, porta-voz da empresa, declarou que a mudança apenas adiciona uma cláusula de exclusão voluntária, sem alterar os propósitos principais de coleta de dados, que incluem segurança, monitoramento da limpeza, objetos perdidos, emergências e regras de uso dos veículos.

Embora o rascunho da nova política mencione o compartilhamento de dados com terceiros para personalização de serviços e anúncios, a Waymo esclareceu ao The Verge que “não há planos” para utilizar os dados captados para publicidade direcionada. O trecho identificado por Wong seria um texto provisório, sem correspondência com os objetivos do projeto.

Mesmo assim, a possibilidade de vincular dados visuais internos à identidade dos passageiros para treinar sistemas de inteligência artificial despertou preocupações sobre privacidade e ética. Especialistas defendem que a empresa seja clara na comunicação com os usuários e ofereça controle real sobre o uso de seus dados, embora o método de notificação ainda não esteja definido.

Atualmente, a Waymo realiza mais de 200 mil corridas pagas por semana em cidades como São Francisco, Los Angeles, Phoenix e Austin. A empresa pretende expandir seus serviços para Atlanta, Miami e Washington, D.C. nos próximos dois anos.

Apesar da expansão, a Waymo segue operando com prejuízo. Em 2024, acumulou perdas de US$ 1,2 bilhão, registradas na divisão “Other Bets” da Alphabet. A monetização de dados, incluindo o uso em treinamentos de IA, pode surgir como alternativa financeira — desde que respeite os limites éticos e o direito à privacidade dos usuários.

Com o avanço da tecnologia e a escalada na coleta de dados, o desafio da Waymo será equilibrar inovação com confiança pública, garantindo que o controle sobre dados pessoais em contextos de inteligência artificial seja efetivo e transparente.

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