A ascensão da inteligência artificial e o novo protecionismo impulsionado por Donald Trump favorecem as gigantes corporativas — mas isso pode mudar.
As vantagens da escala sempre foram evidentes para os negócios: custos fixos diluídos elevam os lucros e ampliam o poder de barganha. Desde os anos 2000, com ativos intangíveis como software e propriedade intelectual, além da globalização, as grandes empresas se beneficiaram ainda mais, ampliando a diferença de lucratividade frente às pequenas. Surgem então as chamadas “empresas superestrelas”.
Com a ascensão da inteligência artificial e a crescente complexidade do cenário geopolítico, novas vantagens — e riscos — surgem. O porte das grandes empresas permite investimentos massivos em IA, acesso a dados em larga escala e influência política direta. Uma pesquisa da Bain mostrou que empresas com receita superior a US$ 5 bilhões investem, em média, US$ 27 milhões por ano em IA generativa — cinco vezes mais do que no início do ano.
Empresas como JPMorgan Chase e UnitedHealth lideram essa adoção, com aplicações extensas da tecnologia. Apesar dos custos e da complexidade, grandes corporações têm vantagem em ajustar e escalar modelos, algo essencial para competir em um mercado cada vez mais digital.
Além da tecnologia, fatores políticos e logísticos favorecem as gigantes. Elas contam com margens operacionais maiores, menor endividamento e acesso facilitado a transporte e fornecedores. Também investem fortemente em lobby: enquanto pequenas empresas do S&P 500 não gastam nada, as maiores chegam a desembolsar US$ 3,3 milhões, garantindo influência sobre políticas públicas.
No entanto, o tamanho também expõe. Empresas como Apple e Walmart se tornam alvos de líderes políticos, como Donald Trump, por conta de sua visibilidade e decisões estratégicas. A Apple, por exemplo, enfrentou ameaças de tarifas após mudanças em sua cadeia de suprimentos — algo que não aconteceu com concorrentes menores.
O que se vê, portanto, é uma nova era da escala empresarial. A inteligência artificial amplifica os diferenciais competitivos, mas também os riscos e a exposição pública. Em um ambiente em constante transformação, manter a liderança exigirá das grandes companhias não apenas poder financeiro, mas agilidade e cautela estratégica.
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