Startup formada por executivos de Shell, BP e JP Morgan propõe solução para identificar tarifas antes de transações internacionais. Com migração para Avalanche e foco em commodities, empresa mira US$ 20 trilhões em valor global movimentado.
Watr usa blockchain e inteligência artificial para prever tarifas comerciais em tempo real
Em meio à nova rodada de tarifas anunciadas por Donald Trump — apelidadas por ele de “Dia da Libertação” — a startup web3 Watr afirma ter desenvolvido uma tecnologia capaz de rastrear tarifas automaticamente, em tempo real, antes mesmo que uma transação comercial seja realizada. A empresa já presta serviços para mineradoras e montadoras globais, contando com lideranças vindas de gigantes como Shell, BP e JP Morgan.
O projeto é liderado por Maryam Ayati, ex-diretora da Shell Trading e reconhecida figura no setor de commodities. Segundo ela, o sistema da Watr poderá em breve integrar sensores, satélites e dados públicos para identificar a origem e o destino real de mercadorias, cruzando essas informações com regras tarifárias internacionais — tudo antes da movimentação financeira, com o suporte de inteligência artificial.
“Há casos em que traders declaram destino europeu, mas redirecionam cargas para a Ásia, burlando tarifas. Nosso sistema permite antecipar se haverá incidência tarifária”, explicou Ayati.
Além do rastreamento em tempo real, a Watr utiliza IDs descentralizados e impressões digitais dos materiais para assegurar que os produtos não sejam desviados ou adulterados fora dos parâmetros regulamentares.
Nesta semana, a startup também anunciou sua migração para a blockchain Avalanche — utilizada por instituições como JP Morgan, Citibank e FEMA. A rede permite a criação de “sovereign chains”, adaptadas a setores específicos, como o comércio de commodities.
A proposta da Watr ocorre em um cenário já marcado por outras tentativas de integrar blockchain e rastreabilidade. Em 2018, Ayati integrou a komgo, parceria com Shell e ING voltada à digitalização de documentos. Outras iniciativas, como a da The Seam com a IBM para o setor algodoeiro, não prosperaram. A Watr, no entanto, afirma ter aprendido com esses insucessos e foca agora em escalabilidade e aplicação regulatória.
Keld van Schreven, fundador da KR1, uma das principais VCs de web3 na Europa, afirmou: “Se conseguirem levar validação pré-tarifária para o on-chain, com escala e apoio institucional, pode ser um ponto de inflexão para blockchain no comércio global.”
Movimentando cerca de US$ 20 trilhões anuais, o comércio global de commodities é um campo fértil para soluções como a da Watr. Caso entregue o que promete, a empresa pode não apenas ganhar relevância junto a governos — mas também revolucionar os fundamentos da infraestrutura comercial mundial, integrando blockchain e inteligência artificial.
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